Vocês já devem ter percebido que
o Manchester City Brasil sustenta uma posição pró-Mancini, tanto no Twitter,
quanto aqui neste blog, ou no Facebook, é uma opinião ainda praticamente
unânime entre os que fazem essa rede citizen. Claro, cada um tem suas queixas
particulares, e nossos pensamentos não são exatamente iguais, mas, no que
interessa, ainda achamos que quem tem de ocupar a vaga de comando é o italiano.
E também é facilmente perceptível
que nossa opinião é compartilhada por uma minoria em terra tupiniquim, e dá
para se entender essa falta de paciência tão repentina com Mancini logo aos
primeiros resultados fora do script, à cultura futebolística do Brasil nos
moldou assim, com um apelo imediatista quando se fala de técnicos sem limite
algum. Nunca se pensa no outro lado, nos que efetivamente fazem em campo, nunca
se tenta olhar para além daquela situação especifica, procurando outras
explicações. A responsabilidade é gerada de modo mais rápido do que se pensa, e
jogada no lado que nossos dirigentes estimularam com suas atitudes: o técnico.
A questão não é a busca da
salvação de todos os técnicos da história, porque eles também tem culpa, é
claro que tem, Mancini também tem sua parcela na provável eliminação precoce da
Champions, mas é nesses momentos que esquecem justamente das parcelas, de
analisar detalhadamente e fatiar as responsabilidades para cada lado, não, se
prefere esquecer do passado, juntar num monte só, culpar Roberto e clamar por
Guardiola ou Mourinho.
Mancini certamente não teve culpa
por Silva começar a temporada em baixa, e ainda se machucar pouco depois, nem
por Nasri fugir a responsabilidade que seria dele, nesses casos. Mancini não
teve culpa por Aguero ficar parado um mês devido uma lesão, e por isso não assustar
a Inglaterra como na última temporada, ou por Balotelli nunca corresponder
quando se precisa que ele brilhe, e será que ele tem culpa por colocar Dzeko,
nosso melhor atacante até agora, como titular, para depois do jogo todo mundo
gritar que é jogador de segundo tempo? Ou será só oportunismo?
Mancini certamente não teve culpa
do árbitro nos tirar a vitória contra o Ajax, com dois lances ridículos, e que
ainda nos manteria com chances bastante razoáveis. Mancini teve culpa pelos
nomes que contratou, apesar de que era opinião quase unânime que tínhamos uma
base formada, e precisávamos de reforços pontuais, mas certamente não tem culpa
da diretoria, preocupada com o fair-play financeiro, não trazer exatamente quem
ele queria.
Mancini tem culpa por trazer
Nastasic, queriam um zagueiro top, mas se esquecem que a zaga foi a mais segura
da última Premier League, e quem vai bem não precisa de mudanças. Mancini tem
culpa por trazer Javi Garcia, e deixar o agora importante De Jong ir embora,
mas será que lembram de o City ter tentado renovar, com o holandês pedindo um
aumento irreal e querendo sair? Acho que não.
De uma hora para outra esquecem o
que éramos, o que somos hoje, e Mancini faz parte disso, o que parecia empacado
com Hughes ele colocou nos trilhos, ele quem comandou o fim da nossa fila de
títulos, tanto em geral, quanto de campeonatos nacionais, algo de, tipo sei lá,
trinta e tanto a quarenta anos... Acho que os que se juntaram a essa caminhada
pós-sheikh, e sem desmerecê-los, pois não são menos torcedores por isso, mas
eles não tem muita idéia, mas os que nasceram e sofreram nos anos negros sabem,
e valorizam cada minuto do agora, nem que sejam as derrotas na Champions. “Mas
cara, cinco anos atrás alguém imaginaria que em 2012 estariamos jogando a
Champions? Que seriamos os atuais campeões e favoritos ao título da Premier
League?”
Agora esse mesmo título da
Premier, uma das competições mais difíceis do planeta, não serve de nada,
aliás, serve, porque Mancini quase conseguiu perdê-la. Um time com histórico de
sofrimento, faz 89 pontos, aproveitamento de 78%, quase cem gols marcados, invicto
em casa, e que, contra todas as adversidades e chacotas, busca uma virada de
campeão, para uma campanha de campeão, e a única coisa que sobra hoje é que
Mancini quase conseguiu perdê-la...
“É, mas com aquele elenco...”
São dois pesos e duas medidas? Guardiola é o símbolo de bom trabalho no mundo,
e todo mundo sabe de sua competência, e não importa se ele tinha ‘O Elenco’.
Claro, é irrelevante, Mancini só ganha porque tem elenco, Guardiola não.
Mourinho, outro aclamado, passa ganhando quase tudo, mas não sem antes pedir
todos os tops que lhe interesse, e monta um time bem estrelado e competitivo,
mas todos os méritos são do Mourinho.
Óbvio que cada opinião deve ser
respeitada, e também lua de mel tem limite, todos sabemos que Mancini precisa e
tem que mostrar resultados, pelos investimentos que foram feitos, mas apenas um
olhar logo além, ou talvez um pouco atrás, seis meses atrás, e depois cinco
anos, e veremos o quanto caminhamos até aqui, principalmente com a chegada do
italiano. Esqueceremos isso por causa de alguns meses, e uns resultados
adversos? Não vamos esperar nem o fim de uma temporada, ao qual por acaso estamos invictos e vice-lideres na Premier, para tecer um critica construtiva e fundamentada?
E fiquem tranquilos, ainda jogaremos muitas Ligas, e acreditamos que, mais cedo ou mais
tarde, lograremos um lugar na galeria de campeões, tempo temos, e um projeto
sério também.
Fica a critério da cada um.