Jogos
06/05 – Newcastle 0 x 2
Manchester City – Iniciamos o último mês da temporada em uma liderança que
parecia improvável, há 180 minutos de um título mais que esperado por uma
torcida carente a 44 anos. Este era o enredo para a nossa penúltima partida,
que mostrava que o campeonato estava ainda longe de acabar, embora parecesse
perto. O derby foi épico, em que mostramos uma superioridade tremenda, mas
ainda tínhamos responsabilidades e necessidades por mais duas rodadas.
O Newcastle era mais uma pedreira em nosso caminho, os Magpies
realizavam uma campanha magistral, e, contra todas as expectativas, ainda
lutavam por Champions League, e também precisavam vencer, tanto que começaram
com tudo, dominando a partida nos primeiros minutos e fazendo com que
concentrássemos na defesa.
Aos poucos, o time azul foi se soltando em campo. Aos 10 minutos,
David Silva tentou um chute cruzado, foi nossa primeira boa chance, mas o
melhor momento veio no finalzinho, quando Barry chutou e a zaga adversária
tirou em cima da linha.
O inicio do segundo tempo indicava um empate indigesto para as duas
equipes, que nos colocava uma pressão maior ainda sobre os ombros, precisávamos
vencer ou vencer! Por isso foi a nossa vez de tomar a iniciativa e colocar os
donos da casa acuados em sua defesa, fazendo-os apostar nos contra-ataques,
onde chegaram a dar alguns sustos.
O City martelava, mas não conseguia furar o bloqueio, até que Yaya,
nosso herói-mor, resolveu arriscar, tinha que ser assim, e de longe, aos 69,
abriu o placar para nosso alívio. Nos minutos seguintes os Blues continuaram
abusando das chances perdidas, com Yaya e Aguero, novamente. Mas o marfinense,
maior fazedor de gols importantes da história, nos deu a vitória aos 88, e fez
os olhos dos torcedores brilharem mais ainda diante da glória iminente.
13/05 – Manchester City 3 x 2
Queens Park Rangers – Foi maior que tudo, maior que tudo o que já vimos de
emocionante do futebol. Coloque junto à descrença, a chacota, a expectativa, a superação,
44 anos, a emoção, dois gols nos últimos minutos, a virada, bata bem e terás
isto.
Qualquer lembrança trás a tona arrepios e nos faz reviver o que
sentimos aquele domingo pela manhã. A certeza se transformou em drama, e este
em algo épico, típico dos melhores romances, das mais instigantes aventuras.
Ainda inspirados nos filmes, podemos dizer que tudo começou como um
dia comum, como uma partida comum do City em casa, o QPR, que ainda lutava para
não cair, recuou, e fomos para cima, pois tínhamos que vencer para não depender
de ninguém (ao mesmo tempo o United visitava o Sunderland no Stadium of Light).
Estava claro que o nervosismo fazia parte dos jogadores, e isto
atrapalhava nosso jogo, para piorar, o gol de Rooney na outra partida, logo aos
21 minutos, nos deixou sem qualquer opção, senão a vitória. Não conseguíamos
ter grandes chances, mas aos 39 abrimos o placar, com contribuições da sorte e
do goleiro Kenny: a bola passou entre as mãos do arqueiro, e ainda bateu na
trave antes de entrar, Zabaleta nos deu a taça novamente. Cinco minutos depois
tivemos uma importante baixa, Yaya teve de sair, com dores na perna, para
entrada de De Jong, mas a ida para o intervalo foi bem mais tranqüila, e em
vantagem.
Os momentos que definiriam o que foi a partida aconteceram apenas na
segunda etapa, a vantagem durou pouco, aos 47 Lescott falhou, e Cissé apareceu
livre para empatar, era o começo do quase-fim...
Oito minutos depois, Barton, um babaca revelado por nossa equipe,
agrediu Tevez e foi expulso, antes de sair de campo, o covarde ainda bateu em
Aguero, típico do seu caráter. Após a confusão, tínhamos mais uma vantagem para
tentar a virada, mas esta não teve muita serventia, sentíamos demais o momento,
não conseguíamos simplesmente jogar tamanha era a tensão em campo.
Aos 66, o mundo caiu em cima de jogadores e torcedores, Mackie recebeu
cruzamento e fez a virada londrina. A partir daí foram minutos de
incredulidade, de um sentimento de frustração que arrebentava com qualquer um.
Aos 75, uma substituição que seria vital: saída de Tevez para entrada
de Balotelli. Aos 90, o italiano quase marcou, dois minutos depois, David Silva
cobrou escanteio na cabeça de Dzeko, que também havia entrado minutos antes, o
bósnio reascendeu uma tênue esperança do que ainda parecia impossível, e
empatou a partida.
Aos 49, ocorreu o inacreditável, o lance que deixou aquele jogo na
história: Aguero tabela com Balotelli, que, caindo, retorna a bola sutilmente
para o argentino, ele passa por dois e chuta para o mundo se render a nós.
Não deve ter existido um torcedor do City neste mundo que não tenha
perdido a garganta, se emocionado, pulado como um louco, aliás, os leigos daqui
viram um monte de loucos, apaixonados por um time de longe, como se fosse de
berço, um time acima de tudo incomum, especial.
Aconteceu...
*O grande herói poderia ter sido vilão, isto mesmo, na partida contra
o Newcastle Aguero não apenas passou em branco, como perdeu uma chuva de gols,
inclusive um cara-a-cara com o goleiro, quando ainda estava só 1 x 0, e nos fez
temer pelo pior, na lógica do “quem não faz, leva”. Imaginem um Kun crucificado
e amaldiçoado eternamente, talvez fosse assim, principalmente por aqui, mas
felizmente o final feliz veio!
*O jogo entre Sunderland e United terminou minutos antes do que no
Etihad, e foram justamente os minutos cruciais. O árbitro apitou com os devils
campeões, mas tiveram que esperar com tensão a beira do gramado, as
comemorações só existiam timidamente na torcida, quando foi anunciado o gol de
Aguero, a perplexidade tomou conta de Fergie e Cia, sendo uma das imagens
marcantes daquele dia.
*Os nossos rivais não parecem ser muito amados por lá, claro, além da
própria torcida. Vê-los derrotados parece ter tirado um engasgo de boa parte
dos clubes. As torcidas de QPR (que mesmo com a derrota escapou da queda) e
Sunderland comemoraram junto aos Blues. O Stadium of Light se rendeu ao
“Poznan” ao final dos jogos.
Este foi o último capítulo desta série. Perdeu os outros? Veja aqui.