Na última semana o que era óbvio
deste antes da final da FA Cup, aconteceu. Roberto Mancini foi demitido após três
anos e meio no clube.
O treinador chegou em dezembro de
2009 para tentar consertar o estrago que Mark Hughes havia feito com uma boa
equipe, e conseguiu. Cumpriu os objetivos de fazer o City campeão e
respeitado, o levando a um patamar acima. Transformou esse projeto em
realidade. Foram anos árduos para conseguir isto, quem acompanha a equipe desde
o começo sabe bem, mas a duras penas, como a história nos conta, conseguimos.
Pegou uma equipe que não
engrenava, que fazia uma campanha aquém do que podia em 2009/10. Vinha de uma
sequência de empates absurda, mas ele chegou, tomou conta e colocou a equipe
nos eixos, só não foi para a Champions League em sua primeira “meia-temporada”
porque os péssimos resultados de Hughes não deixaram, questão de detalhes, e
ainda não tínhamos “aquela” equipe.
Mas na temporada seguinte não
falhou, e matou dois coelhos com uma única cajadada. Tirou o time do jejum de
títulos, com a FA Cup, e acabou em terceiro na Premier, classificando para a
Champions pela primeira vez em sua história. Temporada seguinte veio o momento
épico: o time é campeão da Premier League após 44 anos. Tem gente que chega a
dizer que isto aconteceu por pura e unicamente a qualidade dos jogadores, uma
visão muito pequena, um campeonato de 38 rodadas que não tenha o dedo do treinador
é algo de se surpreender, e não digo quando o time jogava o fino da bola, mas
mais ainda de quando estava em baixa, quando ele levantou a esperança e ambição
da equipe, fazendo-os acreditar, tirando uma desvantagem de oito pontos para chegar
em um derby pronto para avançar ao título. Outros sucumbiriam ao desânimo...
Nenhum trabalho é perfeito,
tiveram seus erros, suas falhas, a contar principalmente as más campanhas na
Champions, mas de um modo geral o italiano foi bem sucedido na sua missão, e não
tem como não chegar a esta conclusão, penso que até os críticos concordam.
Criticado ele sempre foi, e muito, chegou com desconfiança na Inglaterra, com a
imprensa inglesa totalmente contra, mas soube demonstrar o seu valor, e com o
passar dos anos ganhou respeito, tanto que situação contrária ocorre agora, no
momento de sua demissão, com todos questionando por lá a decisão do City.
Para os torcedores ingleses,
quase uma unanimidade, completamente idolatrado e tendo seu nome cantado nos
estádios, um grande sinal de agradecimento pelo inimaginável status que ele
ajudou o clube a construir, pelas glórias que retornaram depois de muito tempo.
No Brasil, o questionamento sempre foi grande, com a imprensa de modo geral o
achando fraco, e os torcedores divididos sobre seu desempenho a frente da
equipe, as reações vão do ódio irracional ao amor literal, dependendo da
opinião, que, como teorizo sempre, é profundamente influenciada pela cultura
brasileira, correta ou não, de colocar o técnico como o ser menos valorizado do
elenco, culpá-lo por tudo sempre que as coisas dão erradas, e nem lembrar do
seu nome quando as vitórias chegam.
Dizem que o desempenho nesta
temporada, que foi ruim, não foram influentes para a decisão dos executivos, e
já era algo tomado antes, independente de títulos e tudo mais. Inoportuno foi
esta notícia ter vazado e tomado conta da imprensa as vésperas de uma final, o
que com certeza contribuiu para a nossa vergonhosa derrota. Mais inoportuna
ainda foi a data escolhida para divulgar a demissão, exatamente um ano após a
conquista do título mais importante e mais épico da história do clube. Um dia
para comemorações, e apenas isto, ficou com um clima pesado no ar.
Mancini não resistiu a ambição do
City, de Ferran Soriano e Txiki Begiristain. Os espanhóis querem moldar o clube
a seu jeito, e assim transformá-lo em uma máquina, não só de títulos, mas de
gerar receitas e torcedores. Querem elevá-lo a universos bem maiores e mais
abrangentes. É hora de conquistar o respeito europeu.
Você pode até ter muita simpatia
pelo Mancini, e pode não concordar com sua demissão. Mas temos, acima de tudo,
que acreditar na cabeça destes dois caras a quem o Sheik Mansour confiou à
missão de conduzir o City, pois foram eles que transformaram o Barcelona no que
é hoje. O futuro que nos aguarda é grandioso, e eles sabem o caminho das pedras
para se chegar lá.
Para Mancini fica a gratidão por ter ajudado da construção de nosso patamar, por ter sido vitorioso nos primeiros objetivos da equipe. Ele pegou o papel que fora primeiramente confiado a Hughes, que não o fez, e efetivamente colocou a equipe para correr, agora passa o bastão a frente, com a certeza que seu nome está gravado na história.
Júnior Martins
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